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5 de março de 2013

Visões pessoais sobre o feminismo


Nesta Sexta-feira (8 de março) se comemorará o Dia Internacional da Mulher, em homenagem a vida daquelas muitas mulheres que morreram queimadas durante uma paralisação de uma indústria têxtil de Nova York, das quais acredito que todos conhecem a história.

Mas não é de história que eu quero falar. Caso queira história, procure na Wikipedia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher ) ou no Google e seja feliz.

Nesta sexta-feira a televisão estará inundada de histórias sobre mulheres que lutam, mães famosas e tantas outras coisas das quais estamos cansados de ver todos os anos. A velha toalha-quente estará presente, para que a TV e outros meios de comunicação possam passar a sensação de que estão preocupados com a causa da mulher dentro da nossa sociedade, com o feminismo.

Ah, o feminismo! Palavra tão incomoda na mente de muitos. Diversas vezes erroneamente confundida com o antônimo de machismo. A primeira coisa que gostaria de falar é que o verdadeiro antônimo do machismo é ele mesmo, pois é esse machismo tão enraizado que, além de rebaixar as mulheres, acaba por rebaixar também os homens, de uma maneira mais leve, mas existente.

Quantas vezes você já não viu um homem que escreve poesias, chora assistindo belos dramas, faz declarações de afeto em público e não o considerou um "bichinha". O machismo não só cria um estado rebaixatório para a mulher, mas também para o homem heterossexual (geralmente a fonte maior do machismo) que tem que se ver preso em um conceito de masculinidade já há muito ultrapassado.

Mas, como disse, o sofrimento causado ao homem heterossexual não chega nem perto do sofrimento causado à mulher heterossexual ou à pessoas de outras diversas orientações sexuais. Me focarei um pouco na mulher nesse ponto, já que pelo que percebo são elas, heterossexuais, homossexuais, bissexuais, etc, que sofrem os maiores desprazeres machistas.

Esses dias assisti uma cena que me chamou a atenção. Estava eu com alguns amigos e desconhecidos em um karaokê, quando uma garota da minha mesa sobe ao palco para cantar uma música da Rita Lee. Ela iniciou a canção e logo os primeiros gritos de "gostosa" começaram em uma mesa próxima a minha. Não conhecia a garota, mas percebi o enorme desconforto que aquela agressão causou a ela. Olhei para a mesa de onde os gritos vinham e percebi que nela também estavam presentes um enorme número de garotas que riam da situação. Fiquei olhando de maneira séria, quando um deles percebeu meu olhar e, provavelmente pensando que eu tinha algo com ela, por estarmos na mesma mesa, chamou a atenção dos outros e todos pararam.

Por qual motivo será que eles pararam? Talvez o próximo machismo tenha feito com que eles cessassem aquela agressão ao respeitar o meu, hipotético, território. Se essa for a realidade, é ainda mais nojento do que pensei. Por que o meu olhar teria que ser necessário para eles pararem? Por que eles iniciaram aquela agressão gratuita? De alguma forma pensavam que daquela maneira colocariam sua masculinidade na mesa ou que toda garota se sentiria lisonjeada com tão nojento "elogio".

Em fevereiro, o evento Um bilhão que se ergue, lutou contra
a violência física contra as mulheres.
Vejo garotas serem agredidas desse modo o tempo todo. "Elogios" que ferem sua dignidade e a rebaixam a categoria de objetos, retirando sua humanidade. Vejo olhares de, literalmente, fome que homens lançam a algumas mulheres na rua e vejo o quanto isso as fere algumas vezes.

E isso apenas se tratando de ferimento emocional. Não há de se negar a ampla ligação dessas agressões psicológicas com agressões físicas reais. Ao passo em que mulheres são rebaixadas ao nível de objetos por pensamentos, gestos e palavras, elas são transformadas em uma propriedade masculina. Algumas vezes elas mesmas acabam se enxergando de tal modo. Essa propriedade gera no homem, já criado em uma cultura machista de posse sobre a mulher, a sensação de que tem o direito de agredi-la, caso não cumpra suas vontades, enquanto dá a mulher a sensação de que o homem tem esse direito.

Muita coisa precisa ser modificada para criar uma ruptura nessa cultura, começando individualmente, com pequenos gestos.

Um desses gestos se refere ao pagamento de contas. Ainda, para muitos indivíduos, isso deve recair completamente ao homem. Uma minoria acredita na divisão igualitárias das contas. Penso ser esse segundo, um ato extremo, mas necessário para se iniciar uma mudança, mas prefiro pensar no mundo perfeito.

Há pouco tempo atrás fui com um amigo a um show. Fui convidado por ele horas antes do evento, pois ele já tinha comprado um ingresso, mas ganhara outro gratuitamente. Esse outro foi dado a mim e fomos juntos ao show. Várias outras vezes isso já aconteceu, comigo dando ou ganhando entradas para algum evento. E é esse o mundo perfeito que sonho. Quando um casal saí e o homem faz questão por honra de pagar, estamos perpetuando o machismo. Se eles dividem totalmente a conta, estamos combatendo o machismo de uma forma extremista (que, outra vez deixo clara, necessária na atual situação). Mas, assim como o sistema de cotas raciais, creio que isso deva ser algo passageiro, para gerar a real igualdade. Quando não importar quem vai pagar a conta, quem ganha mais e outras coisas. Quando simplesmente nada disso importar.

Qual o problema em o homem pagar a conta de quiser ou se a companheira não estiver com dinheiro? Qual é o problema na mulher pagar a conta se quiser ou se o companheiro não estiver com dinheiro? Qual é o problema em cada um pagar a sua parte? Qual é o problema em dar uma flor à pessoa que você ama? Qual é o problema em receber um apelido carinhoso, como flor ou coração, da pessoa que ama você? A resposta é: Nenhum problema, pois não importa.

Quando pudermos não nos importar com o machismo ou em combatê-lo, teremos a sua real decadência e a vitória do feminismo, que, acima de tudo, será uma vitória da igualdade. O problema é a concepção errônea que alguns tem da igualdade. A concepção de que a igualdade seria uma proporção totalmente equilibrada para pessoas que, em regra, são desequilibradas. Sobre isso, fica abaixo uma famosa imagem do facebook, que em sua simplicidade debate sobre isso.

Eu falei muito pouco. Muito menos do que eu realmente penso sobre o assunto, já que não posso exagerar ainda mais do que já exagerei no tamanho desse material. Talvez esteja errado em alguns pontos e ficarei feliz se alguém me corrigir (ou complementar) nos comentários.

Espero que nessa semana, nessa sexta, em todos os dias, em todas as semanas, em todos os meses e anos estejamos preparados para lutar contra o sofrimento gerado pelo machismo. Que defendamos o feminismo em nossos pequenos atos, em conversas que tivermos com amigos, etc. Mais do que tudo hoje, precisamos da igualdade. Como humanos, precisamos dar um basta no sofrimento causado por babacas, como o do G.A.P. de São Carlos ou da página de Facebook Orgulho de Ser Hetero, que pensam ser divertido ferir o bem mais vital de uma pessoa: sua dignidade.

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