Social Icons

twitter facebook rss feed email

5 de março de 2013

Cultura, onde estás você?

Grafitagem hip hop
Quando converso sobre cultura, ouço tanta babaquice que me dói o estômago. O mundo lotado de pessoas falando, seriamente (não conto as brincadeiras), que certo movimento não tem cultura.

Um reflexo de uma extrema reação preconceituosa presente há tempos na raça humana. Ou devo lembrar que movimentos de "alto teor cultural", já foram considerados vazios de cultura em outras eras, como o Soul, o Jazz, a MPB (que traz o "popular" em seu nome, anteriormente de maneira pejorativa na visão de muitas pessoas).

Falamos de alguns movimentos atuais como se fossem o lixo. Essa situação encontra seu centro na música. Você não é obrigado a gostar, mas saiba respeitar.


Uma das coisas que costumo ouvir, é sobre o funk. Movimento musical que surge nas favelas e que considero de uma importância histórica imensa. A arte é, em primeira utilidade, um instrumento para se revelar a realidade de uma época. Agora olhamos os funks violentos ou sexuais da favela e olhemos a realidade de grande parte dos moradores dessa época. Você espera que alguém que viva naquela realidade produza arte com alto teor filosófico-intelectual ocidental, se isso não se encontra em sua realidade?

No meio disso, claro, encontra-se a máquina capitalista, que comercializa e deturpa essa arte. Logicamente, acaba por promover uma desinformação sobre a cultura em prol de uma maior rentabilidade. Mas não podemos nos cegar diante disse e promover uma generalização estúpida e preconceituosa.

Eu não costumo gostar muito de funk e hip hop, por exemplo, mas fica meu respeito e um rap que me tocou profundamente com sua letra.


Gíria Vermelha - Lutar é preciso
Dé pé, ó vítimas da fome,
De pé famélicos da terra,
Da ideia, a chama já consome
A crosta bruta que assoterra.

Se for pra mim morrer e ter que nascer de novo
Eu prefiro ser novamente o que eu sou
Por isso eu vou escrevendo a minha própria história
Entre pedras e espinhos que no caminho rola
Do núcleo do meu crânio algo me pertuba
Meu coração em conexão com os meus olhos me diz
"Vai à luta, pois teu povo é pobre e sofre,
Se comover qualquer um se comove.
Então, mova-se pra ver se a coisa muda!"
A arte pela arte para nós é surda e muda não.
Não, não fede e não cheira
Pra periferia tem que ir pra lixeira

Se no Zaire um corpo sem vida cai
Se na faixa de gaza um palestino do Hamas vai
Explodir o próprio corpo não é que seja louco
É a paz que está em jogo infelizmente
A guerra será seu ventre
Sente um cheiro podre no ar, a paz da USA
Mortalha armada pra pobre que sofre a ONU
Há muito tempo perturba o sono
De quem não compactua com os planos tiranos do Tio Sam
Novamente foi covarde
Irã, Iraque, Hiroxima, Nagashaki, Líbano
Deus livra-nos do mal que se aproxima,
Do mal que prega a paz e gera carnificina, Não!
Ditaduras, bombardeios novamente Deus não veio
Salvar aquele velho de turbante
Que pros cus de olho azul do ocidente é ignorante
Amante da guerra, fanático.
Eu tô com o povo palestino e não abro.

Pra quem perdeu se filho acredite
Enfrentando armas pesadas com estilingue
Ato heróico e sublime: palmas!
Pra burguesia fanatismo: calma!

Palavras são palavras , atitude é atitude
Kofi Anan, renagada negritude
Negro, branco, índio,mulheres, homens: uni-vos
Ó vitimas da fome

Dé pé o vitimas da fome
De pé famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que assoterra

O meu nordeste há muito tempo é manchete
No lixão do Irmã Dulce um pivete quase morto
Só pele e osso, se arrastando pois o crânio é muito grande
Para o seu franzino corpo.
Pareço louco, mas não sou louco
Olha só que jogo:
Meu mano nasceu coxo e movimenta-se com os foxos
Mas sua mãe ora e chora todo dia
Seu sonho de papel só chove covardia
Mundão em crise ponta à ponta na gangorra
Cajapior, saca só que vida louca
Prêmio Nobel da miséria onde a paz agoniza
E muitos se alimentam com manga e farinha
- Aê, turista, bate a foto.
Miséria absoluta, só não ver quem não quer
Ou quem bebeu cicuta.

Família Ferrabraz, Sarney finge que esquece
Maranhão de ponta à ponta é pior que Bangladesh:
É febre amarela é meningite, é cachumba
Ê, povo sofrido, poder filha da....

Mas não é isso que eu vejo na Mirante
Um mundo rosa pendurado num podre barbante
Imagem cênica, da moça cínica
O gás sonífero maligno e mortífero
Televisível em alto nível é um absurdo, mas
O seu dinheiro estava lá nos malotes da Lunus
A culpa é minha? É sua? É nossa?
Infelizmente alguns se vendem, ai é foda
Mas, minha família é de rocha e não abre
Quilombo Urbano faz da guerra uma arte
Com banho de sangue , na benção do padre
Na cruz ou no punhal me diz então quem sabe:
Quantos quilates vale a liberdade dos homens?

Ó vitimas da fome!
Ó vitimas da fome!

Dé pé, ó vítimas da fome,
De pé famélicos da terra,
Da ideia, a chama já consome
A crosta bruta que assoterra.


--
Curta o GUIA CRITICA no FACEBOOK e siga-nos no TWITTER.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer comentário com ofensas pessoais poderá ser apagados. Opine a vontade.