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Jovens durante manifestação política em Itajaí - SC |
A inserção do jovem na política sempre foi algo muito conflitante. Com a política sendo desfigurada várias vezes durante a nossa história, com escândalos diversos, a aproximação dela sempre foi vista com maus olhos. Era algo complicado e desinteressante para grande parte da população.
Durante a ditadura a política estudantil brasileira teve seu auge, com vários líderes atuais sendo provenientes desta época. Mas após esse momento de crise da liberdade nacional, a apatia pareceu tomar conta do país. Jovens não viam a política como algo interessante, preferindo utilizar sua energia em outras atividades. A falta de um objetivo para se lutar e o desmantelamento das organizações de políticas estudantis, que ruiu durante os anos, também foram grandes culpadas desse afastamento.
Mas nesta semana o TSE liberou uma contagem que mostra que o número de jovens entre 16 e 17 anos, que estarão aptos a votar, cresceu de maneira assombrosa, indo de 2,3 milhões nas eleições de 2010 para 2,9 milhões nas eleições desse ano. Com isso, os jovens entre 16 e 17 anos representam aproximadamente 2% do total de votos do país. Mas a que se deve esse aumento?
Um dos motivos possíveis é a reunião de jovens que ocorrem em redes sociais, como o Facebook, onde o movimento político, principalmente devido a greve das Universidades Federais e alguns escândalos políticos, atinge seu auge no momento atual. Não é raro vagarmos por alguma rede social e ver jovens debatendo política ou, ao menos, compartilhando pensamentos políticos.
A internet aparece como uma grande matriz de inicialização desse jovem na política, oferecendo, pela primeira vez na história do país, a oportunidade dele finalmente ter a sua opinião observada, avaliada e debatida. Durante esse ano tivemos várias demonstrações dessa mudança, como pôde ser observado durante as discussões do SOPA, PIPA e ACTA (projetos internacionais que visavam cercear a liberdade mundial e foram combatidos ao redor de todo o mundo, inclusive no Brasil) ou durante os movimentos da Wikileaks e do grupo Anonymous.
Mas esse maior envolvimento de jovens também oferece um grande risco. Ainda com sua mentalidade política em desenvolvimento e passíveis de manipulações políticas, sua inserção também pode demonstrar o forte avanço de alguns partidos e políticos em relação a movimentos políticos jovens.
O movimento estudantil hoje é vítima disso. Durante o auge do movimento, na ditadura, era quase impossível que um estudante tivesse envolvimento em política partidária por razões óbvias. Mas hoje vemos uma diferença gritante nesse aspecto. É quase impossível uma liderança política universitária não ter ao menos um de seus membros vinculados a algum partido político, por vezes até mesmo sendo eleito para um cargo político, como vereador ou deputado.
Com isso há uma grande influência na política estudantil que passa a tornar-se refém da política partidária, muitas vezes sendo manipulada para esse fim. Em lugar de termos uma política estudantil independente e lutando pelo seus direitos, temos uma política estudantil voltada ao poder político de algum partido a qual sua liderança é vinculada. E isso atinge diretamente o jovem.
Poderia contar um caso fictício
Ao mesmo tempo que esse envolvimento do jovem é muito benéfico para a reestruturação do quadro político nacional, há de ser cuidadoso com o modo de sua inserção política, sob o risco de essa renovação apenas acarretar em mais do mesmo ou algo ainda pior.
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