A adolescência e o ensino médio são períodos de descobrimento para o jovem. É o período em que as paixões das nossas vidas surgem e moldamos o nosso comportamento futuro. Como dizia Jonathan Kent na finada série Smalville, “O que você faz nesse período vai definir o que você será para o resto da sua vida”. Uma frase um tanto quanto exagerada, mas tem lá seu baseamento.
Nessa época, entre outras coisas, o jovem começa a ser apresentado a literatura madura. Nada de livros infantis ou quadrinhos, agora os livros mais sérios tomam forma à frente do jovem. Lembro-me que nessa época fui obrigado a ler livros como Dom Casmurro, Memórias de um Sargento de Milícia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Cortiço, entre tantos outros. Peço perdão a minha maravilhosa professora de português, mas considero esse um dos principais erros da minha formação.
A explicação padrão para esses livros clássicos é conhecer a história literária do país. É uma explicação fraca quando pensamos melhor sobre ela, já que isso poderia ser demonstrado apenas por trechos desses livros e em uma aula voltada à história da literatura.
Somos apresentados a esses livros durante o principal período de construção do nosso senso crítico, quando nossas opiniões são moldadas. Ocupar esse tempo com literaturas filosoficamente rasas e de escrita arcaica não é a melhor forma de criarmos um pensamento reflexivo, tão necessário para compreender o mundo.
Há pouco vi uma matéria incrível, sobre a possibilidade de presos diminuírem suas penas lendo livros de grande embasamento filosófico, como Crime e Castigo, de Dostoiévski, e Incidente em Antares, de Érico Veríssimo. É um bom exemplo a ser levado a escolas, que pode exercer um importante papel na formação moral filosófica do estudante.
![]() |
Capa de 1984, de George Orwell |
Além do problema de não criar um pensamento crítico, o estilo literário utilizado em escolas, devido a sua linguagem arcaica e pesada, acaba por afastar muitos jovens da leitura. Para resolver esse problema, poderiam ser utilizados livros mais leves no início do ensino médio, que são responsáveis por incentivar a leitura de muitos jovens ao longo dos últimos anos. Os livros da coleção vagalume, da série Harry Potter ou, até mesmo, Crepúsculo, pela qual não prezo grandes sentimentos, poderiam ser utilizados muito bem como instrumento de entrada no jovem na leitura, abrindo seus olhos para o prazer dos livros.
Infelizmente ainda estamos presos em um padrão de leitura ultrapassado e, com a literatura escolar servindo apenas para “passar no vestibular”, ficamos dependentes da decisão da USP-UNICAMP, para que mudem os livros obrigatórios, ao menos um pouco, adotando livros de conteúdo mais profundo e leitura mais simples.
Mas devemos levar em consideração que a leitura e o conhecimento gerado por ela, não são de interesse daqueles que administram nossa sociedade, pois a construção de um senso crítico na população apenas acabaria por atrapalhar suas vidas.
--
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qualquer comentário com ofensas pessoais poderá ser apagados. Opine a vontade.