Por vezes fico sentado nas
cadeiras de minha sala de aula. Meus ouvidos prestam atenção no que professores
falam diariamente, mas algo sempre acaba por chamar a atenção dos meus olhos para
algo no exterior daquelas paredes. Miro os vidros gradeados das janelas.
Observo as nuvens passando lentamente no céu azul, irradiadas pelos raios
solares. Irradiadas pelo calor, que jamais adentra a minha sala.
Meu professor fala alguma coisa
interessante que meus ouvidos capturam enquanto as ondas sonoras cortam o ar:
_ O que é necessário para uma
revolução? – diz ele
_ A Mudança. – digo eu, enquanto
viro a cabeça para ele, mas logo a atenção dos meus olhos é novamente roubada
pela lenta dança das nuvens no céu.
Elas vagueiam livremente, sem
nenhuma preocupação. Mas também sem nenhuma consciência. Muito diferente das
pessoas a minha volta e de eu mesmo, presos pela armadilha da consciência.
Consciência por vezes falha. Tão falha que parece ser inexistente em tempos em
que é tão necessária.
_ Sim. A necessidade de mudança é
essencial para uma revolução. – Diz ele, talvez um pouco receoso com a falta de
comprometimento demonstrada pelos meus olhos.
A humanidade necessita de
mudanças de tempos em tempos. Mas estranhamente, essas mudanças são esquecidas.
Vivemos hoje como se o mundo fosse do mesmo jeito há tempos, esquecemo-nos de
todas as revoluções que ocorreram no último século enquanto tentamos tomar as
rédeas das nossas pequenas vidas. Olhamos para o presente e nos esquecemos do
nosso passado tirânico. Quando nos lembramos dele, o romantizamos com lindas
histórias românticas, prezando o amor, ou com as histórias da honra presente
nos cavaleiros medievais.
Temos a facilidade de observar o
mundo pela ótica daqueles que aproveitavam de certa maneira o seu tempo. É algo
que pode vir a acontecer no futuro. Talvez o nosso presenta pareça maravilhoso
para os cidadãos de uma metrópole no século XXV. Esquecemo-nos, porém, daqueles
que formam as bases de cada sociedade: O homem comum. Que em suma representa a
maioria de uma sociedade e que sempre serve de piso para os pés históricos dos
protagonistas das histórias românticas.
A
necessidade de mudança sempre existiu nesses tempos. E quando essa vontade se
exalava, as mudanças aconteciam. As revoluções eclodiam e criavam um novo
mundo. Infelizmente a alma humana parece ter certa facilidade para corromper
esse mundo novo. Basta observar as revoluções industriais e francesas para
perceber esse raciocínio. Ou, mais próximo a nós, observar o movimento
revolucionário iniciado em 84 em que os resultados podem ser observados
atualmente.
E essa
vontade de mudança não existe hoje? Tantas revoltas que são observadas por aí.
Nos últimos anos se reiniciou um movimento forte de protestos de rua,
influenciado pelo poder que a internet proporcionou. Mas a influência das
tecnologias dentro da sociedade ficará para um próximo texto.
Mas
então, se existe a vontade de mudança, que é a base para uma revolução, por que
ela não acontece? Por que não nos revolucionamos e modificamos toda a falha
estrutural presente no nosso sistema?
Meus
olhos continuavam a observar as nuvens, enquanto meu cérebro viajava tentando
encontrar uma solução. Mas a resposta não estava nas nuvens. No mesmo momento
que em que minha mente encontrara a resposta, a voz do meu professor cortou o
ar novamente, dizendo em uníssono com a voz que habita minha mente.
_ Nós
temos essa vontade de mudança em nós atualmente, o que nos falta é liderança.
Líderes
da revolução, agentes da mudança, levantai-vos e uni-vos.
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