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24 de abril de 2012

Liderança (ou Nuvens de Mudança)


Por vezes fico sentado nas cadeiras de minha sala de aula. Meus ouvidos prestam atenção no que professores falam diariamente, mas algo sempre acaba por chamar a atenção dos meus olhos para algo no exterior daquelas paredes. Miro os vidros gradeados das janelas. Observo as nuvens passando lentamente no céu azul, irradiadas pelos raios solares. Irradiadas pelo calor, que jamais adentra a minha sala.

Meu professor fala alguma coisa interessante que meus ouvidos capturam enquanto as ondas sonoras cortam o ar:

_ O que é necessário para uma revolução? – diz ele

_ A Mudança. – digo eu, enquanto viro a cabeça para ele, mas logo a atenção dos meus olhos é novamente roubada pela lenta dança das nuvens no céu.

Elas vagueiam livremente, sem nenhuma preocupação. Mas também sem nenhuma consciência. Muito diferente das pessoas a minha volta e de eu mesmo, presos pela armadilha da consciência. Consciência por vezes falha. Tão falha que parece ser inexistente em tempos em que é tão necessária.


_ Sim. A necessidade de mudança é essencial para uma revolução. – Diz ele, talvez um pouco receoso com a falta de comprometimento demonstrada pelos meus olhos.

A humanidade necessita de mudanças de tempos em tempos. Mas estranhamente, essas mudanças são esquecidas. Vivemos hoje como se o mundo fosse do mesmo jeito há tempos, esquecemo-nos de todas as revoluções que ocorreram no último século enquanto tentamos tomar as rédeas das nossas pequenas vidas. Olhamos para o presente e nos esquecemos do nosso passado tirânico. Quando nos lembramos dele, o romantizamos com lindas histórias românticas, prezando o amor, ou com as histórias da honra presente nos cavaleiros medievais.

Temos a facilidade de observar o mundo pela ótica daqueles que aproveitavam de certa maneira o seu tempo. É algo que pode vir a acontecer no futuro. Talvez o nosso presenta pareça maravilhoso para os cidadãos de uma metrópole no século XXV. Esquecemo-nos, porém, daqueles que formam as bases de cada sociedade: O homem comum. Que em suma representa a maioria de uma sociedade e que sempre serve de piso para os pés históricos dos protagonistas das histórias românticas.

               A necessidade de mudança sempre existiu nesses tempos. E quando essa vontade se exalava, as mudanças aconteciam. As revoluções eclodiam e criavam um novo mundo. Infelizmente a alma humana parece ter certa facilidade para corromper esse mundo novo. Basta observar as revoluções industriais e francesas para perceber esse raciocínio. Ou, mais próximo a nós, observar o movimento revolucionário iniciado em 84 em que os resultados podem ser observados atualmente.

               E essa vontade de mudança não existe hoje? Tantas revoltas que são observadas por aí. Nos últimos anos se reiniciou um movimento forte de protestos de rua, influenciado pelo poder que a internet proporcionou. Mas a influência das tecnologias dentro da sociedade ficará para um próximo texto.

               Mas então, se existe a vontade de mudança, que é a base para uma revolução, por que ela não acontece? Por que não nos revolucionamos e modificamos toda a falha estrutural presente no nosso sistema?

               Meus olhos continuavam a observar as nuvens, enquanto meu cérebro viajava tentando encontrar uma solução. Mas a resposta não estava nas nuvens. No mesmo momento que em que minha mente encontrara a resposta, a voz do meu professor cortou o ar novamente, dizendo em uníssono com a voz que habita minha mente.

               _ Nós temos essa vontade de mudança em nós atualmente, o que nos falta é liderança.

               Líderes da revolução, agentes da mudança, levantai-vos e uni-vos.

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