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9 de março de 2012

Diversão! É diversão sim! Diversão! É diversão pra mim...


Afinal, qual o significado da palavra diversão?

Segundo alguns dicionários não tão bem conceituados, diversão encontra-se relacionado com distração, divertimento, entretenimento, passatempo ou recreio. Na minha concepção pessoal, diversão é tudo aquilo que faz você se sentir bem.

Nem sempre a diversão está relacionada à alegria ou felicidade, ao contrário do que alguns imaginam. Quando pegamos a diversão em seu significado “entretenimento”, vemos que muitas vezes a diversão pode estar relacionada á melancolia ou tristeza. Por vezes você passa seu tempo escutando músicas melancólicas de Phil Collins ou assistindo um filme triste de romance.

Até mesmo o ódio e a revolta podem ser encontrados no meio dessa diversão ou entretenimento. Músicas de revoltas de bandas como Titãs, Engenheiros do Hawaii, Rammstein, entre outras, também podem ser considerados como uma forma de entretenimento, ao ponto de que a revolta ou ódio gerado por elas, te passa uma sensação de bem estar.

O ódio como bem estar pode até parecer algo contraditório. Mas não é tão incomum assim. Não precisamos voltar às teorias de Hobbes sobre o instinto humano de destruição natural para perceber esse fato. Esse ódio também não transforma alguém em um sociopata e possível assassino. É natural humano se sentir bem por odiar e expressar esse ódio sobre aquilo que te afeta. Michael Moore é a prova disso.

Logicamente, vivendo em uma sociedade organizada e caminhando para tornar-se humanitária, temos que controlar de algumas maneiras esse ódio, não o transformando em violência. Mas ódio é o descontentamento e o descontentamento é o que move a humanidade para frente. Então se torna óbvio que nosso entretenimento possa se apoderar desse ódio, sendo ele algo cultural e fruto da nossa realidade.


Às vezes a diversão acaba empregando patamares socialmente incompreensíveis para alguns. É o caso de quando a diversão mistura-se com seu trabalho ou com seu estudo. Acho incrível (e bizarro, na minha concepção), quando alguém destila seu “veneno” contra aqueles que dizem se divertir estudando ou que acusam como falsa e contraditória a ideia de que você se diverte com o seu trabalho, utilizando o velho argumento de que “Ninguém se diverte trabalhando”.

Ao contrário do que esses pensam, é muito interessante quando a diversão e a virtual obrigação (que nesse estágio já não pode ser compreendida como obrigação pura) confundem-se ou quando essa diversão é utilizada como meio de fazer algo útil socialmente, mesmo que geralmente incompreendido.

Não posso esquecer-me do problema social e cultural que existe na diversão, pelo qual eu já passei. Por vezes a cultura acaba por esmagar a diversão pura, fazendo com que um modelo de diversão culturalmente aceito acabe regendo as atitudes de entretenimento de um indivíduo. É o caso de algumas “baladas” ou “shows”, considerados meios quase que divinos de diversão. Muitas vezes pessoas vão a alguns lugares, seguindo a onda cultural, e não se sentem necessariamente bem com isso, mas continuam indo a tais eventos por ser algo culturalmente aceito e bem visto.

Isso se apresenta como um problema antigo. A cultura dominante acaba por se sobrepor sob o indivíduo. Algo que também pode ser visto entre as classes mais altas, onde o entretenimento dominante pode ser a ópera, por exemplo, e algumas pessoas vão a ela apenas pela pressão cultural, mesmo percebendo-a como algo que não gera nenhum bem-estar para essa pessoa.

Calvin sentia-se muito melhor brincando solitariamente com seu amigo
imaginário, do que com qualquer grupamento de pessoas.
Então chegamos a outro nível de problemática cultural da diversão. Quando a pressão cultural gera uma patologia clínica. A pessoa que não segue a tendência pode ser considerada anormal e posta sob a tutela de um psicólogo para a “normatização” humana, algo no mínimo questionável em uma sociedade pluralista e que apresenta cada vez mais traços multiculturais. Felizmente, hoje muitos profissionais dessa área fazem um estudo detalhado sobre o caso e preferem rejeitar aplicar o tratamento para algumas pessoas, mas não nos veremos livres dos oportunistas tão cedo.

Atualmente, no Brasil e no mundo, vemos a diversão sendo relacionado pelo grupamento social. Uma das explicações apresentadas para isso está no nosso modelo de produção empregado nos últimos séculos. A industrialização trouxe a necessidade do trabalho em equipe, com um indivíduo vendo-se responsável por uma parcela do trabalho final. Então é óbvio que isso acabaria criando um relacionamento e quanto melhor esse relacionamento, os níveis de produtividades poderiam aumentar. O Fordismo, que se preocupava muito com o bem estar do seu trabalhador, como forma de garantir um pleno funcionamento da linha de montagem, acabou empregando, em parte artificialmente e em parte naturalmente, o entretenimento conjunto, que já ocorria anteriormente em outros trabalhos que envolviam atividades em grupo, mas virou o padrão, nessa época. Qualquer um que não se entretinha em grupo, era considerado um sujeito fora do padrão de normalidade.

Esse comportamento também foi passado para os escritórios, que formaram equipes de trabalho em grupo e que seguiram a lógica do entretenimento grupal, transformando nossa sociedade em uma sociedade de entretenimento coletivo.

E é esse comportamento que remete aos dias de hoje. A pessoa que se diverte sozinha, seja lendo, assistindo um filme ou simplesmente saindo por aí, não necessariamente ficando alegre, mas se sentindo bem com aquilo, acaba sendo observada como anormal e sendo relacionada com várias patologias psicológicas diferentes, causado pela sensação de que não esteja inserida no grupo e, não estando inserida no grupo, não acrescente nada socialmente.

Isso não poderia estar mais errado. Muitas pessoas sentem-se mais confortáveis sozinhas e isso deveria ser compreendido como comum. Algumas empresas mais visionárias já observam isso na produtividade de trabalhos, em que, muitas vezes, uma pessoa solitária acaba gerando um resultado muito mais satisfatório do que aquelas que trabalham muito bem em equipe.

E posso ainda dizer o contrário do senso comum, ao observar pessoas que se transformam em verdadeiras máquinas de autodestruição quando em coletivo e apresentam-se como pessoas muito mais agradáveis e com um melhor bem-estar quando em ambiente privado.

Esse fato apresentado acaba valendo para a diversão também (tema dessa postagem, caso tenham esquecido). Por vezes você acaba se divertindo, sentindo-se bem, muito mais quando está sozinho ou acompanhado de pouca gente, mas a pressão cultural acaba por afetar isso. Uma dica importante para isso é: vença o medo da “anormalidade”, pegue um livro, um bom filme (pode ser um ruim também) ou qualquer outra coisa e divirta-se, se achar que isso faz com que você se sinta bem.

Mas se quiser continuar no entretenimento coletivo e sentir que isso faz você se sentir melhor, sinta-se livre, apenas aprenda a observar que a diversão é mais uma das muitas relatividades da vida. No fim, tudo o que você necessita é se encontrar e encontrar aquilo que faz você se sentir bem e confortável.

Escrito por alguém que se livrou do engano, encontrou-se e hoje diverte-se ao escrever e fazer aquilo que ama. Muitas vezes, o normal é ser anormal e vice-e-versa. Aconselho a leitura do livro “Eu Sou a Lenda”, para compreender essa frase, mas não aconselho o filme, que não chega nem próximo da maestria do livro.

Atualizado as 14:32 de 09/03/2012 para colocar essa música que mostra o que é esse texto

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