As
ETEC’s (Escolas Técnicas Estaduais) representam a excelência da educação
regular pública no estado de São Paulo. Elas são administradas pelo Centro
Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, também responsável pelas FATEC’s
(Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo).
O
Centro Paula Souza, existente desde a década de 60, é ligado à Secretária de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do estado de São Paulo. Mas,
mesmo tendo essa ligação com uma secretária ligada a tecnologia, administra o
ensino médio regular, por meio de seus “vestibulinhos”.
Não
raramente, as Escolas Técnicas são utilizadas como ferramentas úteis durante as
eleições para a manutenção do governo do PSDB no Estado de São Paulo, graças a
sua excelência de ensino.
A
sua qualidade de ensino é imbatível quando comparada a outras instituições
públicas de educação que oferecem o ensino médio.
Sendo considerada a excelência em ensino no nosso estado, por que esse modelo
não pode ser aplicado em todo o sistema de ensino do estado, acabando por
prestigiar apenas um pequeno grupo - que chamarei de “elite” apenas para a
diferenciação necessária?
Ao
discutir isso pelo Twitter, recebi a seguinte mensagem:
“sinistramente não concordo! Devem
existir níveis de ensino! Que todos sejam de qualidade, mas não iguais!”
Concordo com a parte em que diz que todos devem ser de qualidade, mas qual
o interesse em manter essa diferenciação nos níveis de ensino? Por que não
podemos dar oportunidades iguais a todos? Talvez para manter a nata da velha
elite sempre no poder, com poucas mudanças e acostumar a nossa população com a
desigualdade?
Também
necessito falar algo sobre os “vestibulinhos”. Eles selecionam os estudantes
que frequentarão o ensino médio nas ETEC’s e isto se apresenta como outro
motivo para a excelência dessas ETEC’s, pois ela seleciona a elite dos
estudantes do ensino fundamental, em sua maioria, de baixa qualidade. E é
interessante perceber o quanto essa elite estudantil se confunde com a nossa
velha elite econômica. Posso me considerar um sujeito bem afortunado e com
sorte, pois tive quase tudo o que eu quis – em matéria econômica -, mas, ainda
assim, me consideraria um dos mais “pobres” que frequentaram uma dessas
instituições de ensino na época em que lá estudei.
Adorei
aquele lugar e aprendi muito lá, mas não consigo concordar com seu
exclusivismo. Parece ser apenas mais um modo de diferenciar a educação e fazer
com que a velha elite obtenha as melhores oportunidades em detrimento a grande
maioria da nossa população.
Quando
falo dos “vestibulinhos”, é difícil não me ater aos números. Não tenho os dados
oficiais sobre o número de estudantes no último ano do ensino fundamental em
nosso Estado, mas, retornando à época em que estudei nesse sistema, fui um dos
200 que conseguiram passar nesse Vestibulinho, entre 2500 estudantes que
tentaram tal proeza. Com isso, tivemos ainda 2300 estudantes abandonados no
péssimo ensino médio comum.
Alguns
ainda dizem que eles deveriam ter estudado mais para passar e foi azar deles.
Será isso mesmo? E então a solução para esses que “deveriam ter estudado mais”
é mantê-los em um ensino médio de baixa qualidade (com as devidas exceções, é
lógico)? As oportunidades oferecidas foram completamente diferentes e, sendo o
ensino médio das ETEC’s o único que consegue se equiparar aos resultados do
ensino privado, torna-se lamentável e revoltante assistir tal situação.
No
fim, ocorre o a mesma situação que acaba acontecendo também nas instituições
públicas de ensino superior, em que a grande maioria das vagas, acaba indo para
a velha elite, proveniente dessas ETEC’s ou escolas particulares. E quando o
governo federal tenta equiparar essa disparidade de ensino, proveniente do sistema
estadual que cuida do nosso ensino médio, ainda há aqueles que dizem que ele
está prejudicando aqueles que tiveram "mérito" para adentrar essas
universidades.
Faça-me
o favor, né?
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