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29 de fevereiro de 2012

A Parábola da Curva


Imagine-se dirigindo seu carro confortavelmente em uma reta longa e tranquila durante um longo período de tempo. Toda rua reta inevitavelmente encontra seu fim em algum momento. Você se depara com uma curva muito fechada, impossibilitado de visualizar o que virá depois dela. Pode ser algo bom ou ruim. A continuação da paz e tranquilidade ou o início do horror. Pode ser a ascensão ou a ruína. Você encontra nisso três possibilidades: estacionar seu carro confortavelmente e permanecer imóvel no mesmo lugar, seguir em frente e acabar saindo da rua, podendo acabar atingindo um muro, ou enfrentar o desconhecido que aquela curva representa. Qual seria a decisão correta a seguir?

O ato de estacionar o carro é chamado conservadorismo ameno. Você simplesmente permanece parado, sem levar suas decisões em frente. Com isso você foge dos riscos de encontrar um muro e do desconhecido. Você simplesmente permanece como está encontrando um limite para suas ações e não enfrentando o amedrontador desconhecido. Ao contrário do que muitos dizem isso não faz de você um estúpido, apenas um ponderado.

Mas inevitavelmente outro carro seguirá a mesma rota que você, trançando um dos outros dois caminhos que você poderia ter seguido.


O próximo carro decide seguir em frente. Ele teme o desconhecido que a curva representa, mas está acostumado demais em seguir em frente. Não admite permanecer parado, desejando o progresso. Ele então decide enfrentar o caminho reto, mesmo extrapolando o limite da rua. Para ele há a possibilidade de continuar seguindo em frente ou de encontrar um muro e cessar seu caminho em ruínas. Esse muro, se existe, é facilmente visualizado. E aqui nos dividimos em dois grupos novamente: os que decidirão continuar e enfrentar o muro (algo que pode ser visto como uma bobagem, mas ele acredita piamente que irá ultrapassá-lo vivo, mesmo com muitos estragos e ferimentos) ou os que abortarão, estacionando, também, seu carro ou optando pelo desconhecido.

Por último teremos o motorista mais ousado. Aquele que enfrentará o desconhecido. Para ele ficar parado não é uma opção e, na maior parte das vezes, encontra-se cansado e entediado de todo o longo tempo seguindo aquela rua reta. Ele assume o risco do desconhecido, imaginando as diferenças que esse desconhecido pode acarretar em sua jornada. Eles também se dividem em dois grupos: Os que seguem a curva, independente do que ela pode causar, assumindo todo o risco (esses são os que seguem a onda de mudança) e os moldadores, aqueles que estão dispostos a moldar o desconhecido, criando uma transformação e tentando ao máximo, eliminar o risco de que a curva acarrete algo ruim. Nem sempre são bem sucedidos nessa tarefa.

Certamente, podemos observar que o único caminho seguro é estacionar o carro e permanecer imóvel. Mas isso vai de encontro com a natureza humana. Desde sempre o nosso caminho esteve ligado sempre a seguir em frente, com algumas poucas barreiras que nos fizeram retroceder ou parar, mas que sempre foram vencidas pela natureza humana. Nós somos naturalmente seres que tendem a seguir em frente. Creio que outros seres no nosso planeta (talvez todos) também apresentam essa natureza, mas provavelmente somos os que melhor a compreendem.

Os que decidem seguir em frente no progresso, os ultraconservadores, tendem a temer a curva e podem estar corretos em seu medo. Mas será algo apenas descoberto se a curva for tomada. Inevitavelmente seu caminho pode terminar em ferimentos, já que provavelmente ao extrapolar os limites da rua, você encontrará um muro, que terá que ser ultrapassado. Desistir de ultrapassá-lo significa ficar estagnado ou aceitar os riscos da curva.

Os agentes de mudança, que inevitavelmente esperam seguir o caminho perigoso da curva, de preferência tentando moldá-lo e eliminar seus perigos, ainda assim, correm o risco de levarem também para um caminho de ferimentos, talvez pior do que atravessar o muro.

Em cada situação, encontra-se uma natureza diferente do ser humano, dividida por toda a nossa espécie. Todas são necessárias para manter existindo o contraditório, que gerará debates. Não podemos também negligenciar a possibilidade de acordo entre tais naturezas, já que, ao contrário do mundo físico, nossa mente pode seguir dois caminhos ao mesmo tempo.

Cada homem e mulher aceita sua natureza e luta por ela, por vezes sem limites. Não temos que trabalhar para eliminar essas naturezas distintas e seus embates, mas sim para controlar os limites que podem ser alcançados por esse embate.

Por vezes acabamos em guerras por defender uma ideia. Guerra que apenas tende a destruição humana e eliminação do contraditório. Sem eles seriamos totalitários, assim como muitos tentaram ser e, inevitavelmente, falharam em algum momento. O totalitarismo pleno leva á paz, mas a paz não é uma opção humana. A Guerra e o embate são da nossa natureza. Mas qual o tipo de guerra que deveríamos optar. A guerra oral ou a guerra armada?

E qual tipo de motorista você é? Qual a sua natureza?

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