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24 de janeiro de 2012

Realidade e mudança


Imagem que circula já a algum tempo nas redes sociais,
pregando esse afastamento da realidade. Não que eu
seja muito fã dessas camisas do Che Guevara, ao qual eu
penso não ter sido um grande exemplo de revolucionário.

Eu realmente não consigo compreender a ideia que algumas pessoas cultivam de que as mudanças devem se desprender da realidade atual. Se desprender dos méritos da atualidade significa negar todas as lutas anteriores para a realização desses méritos, sejam de maneira científica/tecnológica ou filosófica.

Observo uma corrente que visa desmerecer os agentes de mudança do nosso mundo, em virtude deles estarem relativamente dentro das vertentes da realidade atual, responsável por tantas mazelas sociais. Mas não vejo isso como algo ruim, muito pelo contrário, vejo isso como nosso futuro, nossa evolução.

Algumas mentes mais revolucionárias podem discordar da minha posição, por pregarem um total ou parcial afastamento dos confortos e falsas necessidades atuais em prol de uma mudança para uma realidade melhor. Em uma era em que revoluções acontecem por meio de redes sociais, que demonstram o poder do povo frente ao poder daqueles que o representam, torna-se até mesmo ignorante a ideia de nos desprendermos desses confortos e luxos, que podem vir a ser grandes máquinas de mudança.

Para continuar meu raciocínio, não posso negar a minha crença no socialismo como próximo passo da nossa evolução política, social e econômica. Por mais que os defensores do capitalismo acreditem que o socialismo é utópico, assim como eu penso que é nos dias de hoje, não podemos ignorar o fator “mudança” e necessitamos nos lembrar de que o capitalismo também seria visto como algo utópico na mentalidade de um povo da idade média alta, ainda educada dentro de uma mentalidade feudal. O capitalismo foi uma transformação gradual, promovida por vários agentes de mudanças ao longo do século, assim como, creio eu, poderá acontecer com o socialismo.

O professor Doutor Olavo H. P. Furtado, que me ministrou aulas de sociologia durante algum tempo, ensinou-me, amparado em outros cientistas sociais e filósofos, a tese de que o capitalismo é um fator extremamente necessário para a viabilização do socialismo. O capitalismo construiria as bases de uma política social mais radical, gerando os elementos necessários para o bem estar social. Além disso, a crítica ao capitalismo torna-se extremamente necessário para a construção de um real socialismo. Ele defendeu durante as aulas a inexistência do socialismo na realidade. Houve algumas tentativas, como a Rússia, que fracassou por não ter experimentado o capitalismo e partido direto do feudalismo para o socialismo, não gerando, assim, a crítica necessária para a construção de uma boa política social e nem os elementos necessários para a manutenção do bem-estar social. Cuba, sendo uma quase criação da União Soviética, enfrentou os mesmo males, que, ainda assim, podem ser rebatidos com algumas conquistas do governo dos irmãos Castro.

Mas, observando isso, podemos rebater a ideia, apresentada no início, de algumas pessoas que defendem o desprendimento da realidade atual por esses agentes de mudança. Não podemos negar todas as conquistas do capitalismo.

Mesmo os Ipods, Iphones e Ipads, revolucionaram de uma forma benigna a nossa realidade. Hoje eu consigo me informar sobre o que ocorre no mundo de qualquer lugar em que eu esteja, assim como debater, pesquisar, ler, etc. Logicamente, hoje, esses itens são considerados ainda, itens de luxo, pois não chegam a grande parte da população. Mas devemos nos desprender deles por causa disso? A questão é saber utilizá-los. Logicamente eles podem ser artigos de entretenimento. E não culpo o entretenimento. Ele é bom. Mas vai de cada um descobrir se é esse entretenimento é a prioridade de suas vidas.

E também cabe lembrar que a televisão em seu início, também era um artigo de luxo, que se tornou popular. O mesmo ocorre hoje com os computadores e a inclusão digital, tão odiada por uns e tão amada por aquele que vos escreve. Com os celulares, a mesma coisa. Então espero que smartphones e tablets, em breve, também se tornem artigos populares.

Mas aí entra o fator mais importante em qualquer tema: a educação. Necessitamos educar a população, ensinando-a a utilizar essas novas ferramentas (algo que não vejo sendo feito com os computadores), ao mesmo tempo em que promovemos a liberdade necessária para elas se modificarem e se fortificarem, não cometendo o mesmo erro que foi cometido com a televisão. Algo que está sendo discutido durante as últimas semanas com os protestos contra o SOPA e o PIPA, os projetos leis que podem retirar esse liberdade necessária para a saudável evolução dessas novas ferramentas.

Tais ferramentas, entre outras coisas que eu posso defender como necessárias, são a realidade e a marca do capitalismo. O que não quer dizer que elas não possam vir a ser utilizadas para a mudança dessa realidade, se receberem a devida atenção e liberdade de evolução.

Talvez ficar preso completamente à realidade e mentiras atuais não seja a única forma de alienação. Afastar-se totalmente disso também pode gerá-la.

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