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Indústria farmacêutica faturou 40 bilhões de reais em 2011 |
Hoje
ocorreu durante uma audiência pública da Comissão de Seguridade Social e
Família, ocorreu um debate entre Jorge Bermudez, vice-presidente de Produção e
Inovação em Saúde da Fiocruz, e Ricardo Marques, representante da Associação
Brasileira das Indústrias de Química Fina.
De
um lado um representando Social da Fundação Oswaldo Cruz, líder em pesquisas na
área de saúde pública, e do outro lado um representante da lucrativa indústria farmacêutica.
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Bermudez defende a quebra de patente de remédios para doenças negligenciadas |
Do
outro lado, Marques afirma que a quebra de patentes não traria diferenças
consideráveis sobre o tratamento dessas doenças por questões mercadológicas, já
que a renda do público alvo desses medicamentos é baixa. Segundo o
representante da Associação das Indústrias, as doenças negligenciadas são 12%
do total, mas representam apenas 1,3% do investimento em novos medicamentos.
É
um quadro surreal, se olharmos pelo lado humanitário. O Haiti, hoje, é um dos
países que mais sofrem com essas doenças, tendo que gastar grande parte de sua
verba com tratamentos e, mesmo com esse gasto, torna-se dependente de ajuda
externa para tentar manter a sua população saudável. A quebra de patentes
representaria um grande avanço para essa população.
Mas,
vivendo em uma sociedade baseada no mercado, como a nossa, torna-se
inconsistente, pois vai diminuir ainda mais o interesse de empresas (movidas
pelo mercado) em incentivar pesquisas sobre esses medicamentos.
Chega
o momento em que governos deveriam interferir e obrigar com que essas empresas
disponibilizem uma parte de seu investimento para o tratamento dessas doenças negligenciadas, abdicando do direito de patenteamento, obviamente.
Outra alternativa seria aumentar as contribuições tributárias dessa indústria,
que poderiam ser revertidas para órgãos públicos de pesquisa, como o FIOCRUZ,
criando um fundo público para o tratamento dessa doença.
Certamente
seriam medidas restritas, se apenas um país utilizá-las, por este motivo seria
interessante um acordo internacional em que vários países se comprometessem a
isso.
A indústria da farmácia
faturou cerca de 43 bilhões de reais no ano passado, aumentando seu faturamento
em 19% em relação a 2010. Dificilmente um controle que aumentasse essa 1,2% de
investimento em remédios para doenças negligenciadas ofereceria algum risco a
uma indústria de crescimento tão expandido.
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