Há algumas semanas, antes do ano novo, a seguinte notícia tornou-se a
mais comentada no país:
- Famosos se revoltam com caso do cachorro espancado em Goiás: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2011/12/famosos-se-revoltam-com-caso-do-cachorro-espancado-em-goias.html
- Enfermeira mata cachorro Yorkshire na pancada em Goiânia: http://www.jb.com.br/fotos-e-videos/video/2011/12/16/enfermeira-mata-cachorro-yorkshire-na-pancada-em-goiania/
- Enfermeira mata cachorro na pancada. Tudo na presença do filho de 3 anos: http://www.paraiba.com.br/2011/12/16/22222-enfermeira-mata-cachorro-yorkshire-na-pancada-na-frente-do-filho-de-3-anos-assista
- Mulher mata cachorro a pancadas: http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000474743
- Enfermeira que matou cachorro não terá registro cassado, diz Conselho: http://g1.globo.com/goias/noticia/2011/12/enfermeira-que-matou-cachorro-nao-tera-registro-cassado-diz-conselho.html
Essas foram apenas algumas das muitas notícias divulgadas sobre o caso,
que ganhou dimensões colossais em redes sociais, como o Twitter e o Facebook.
Muitos críticas surgiram sobre essa grande repercussão. Críticas utilizando
lógicas banais dizendo que as pessoas deviam se preocupar mais com a corrupção
do que com o cachorro, ou que se preocupavam mais com um cachorro do que com um
mendigo. Não creio nessas críticas, principalmente por também não crer em uma
evolução social vertical, lidando com um problema de cada vez. Nós temos muitos
problemas e eles devem ser combatidos todos ao mesmo tempo, gerando uma
evolução social horizontal, sempre elevando-se.
- Criança indígena de oito anos é queimada viva por madeireiros no Maranhão: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/01/crianca-indigena-de-oito-anos-e.html
Esse caso teria tudo para ganhar um aspecto emocional e uma divulgação
enorme. Ostenta várias das características que tanto flamam o coração das
pessoas: uma criança de oito anos, menina, nitidamente mais fracas, sendo
torturada e morta por homens “maus”. Mesmo com tudo isso a repercussão ainda é
muito pequena, com apenas alguns poucos sites a divulgando. Excetuando os blogs com
conteúdos sociais e políticos, ela ainda não ganhou notoriedade em nenhuma
grande página do país.
O Globo.com, pertencente à maior rede de comunicação do país, notícia em
sua primeira página um garoto de intelecto superior que quer fazer física nos
Estados Unidos, as notícias de seu próximo reality show e as dez atrizes pornôs
mais populares do Twitter, deixando de comentar esse fato. Por que será? Bem. É melhor nem esperar que o PIG se pronuncie, pois, por razões políticas e de interesse, isso não irá ocorrer.
Mas será que a pouca divulgação da mídia oficial, mesmo em épocas de redes
sociais com grande força, faz com que as pessoas não tomem conhecimento sobre o
caso, não gerando assim a comoção? E por que a nossa mídia oficial não se
manifesta sobre um caso desses que certamente geraria uma grande publicidade à
ela? O que faz o Yorkshire merecer uma primeira página nos principais portais
do país e a pequena indígena não?
Será que em tempos de internet, a falta de um vídeo chocante sobre o
incidente faz as pessoas não se preocuparem ou se importarem com isso? Como se fosse necessário um vídeo chocante
para as coisas acontecerem no mundo...
Lembro que, mesmo antes de sair nas principais mídias profissionais do
país, o vídeo do cachorro já tinha sido compartilhado por mais de 50 amigos
meus no Facebook. Agora no caso da criança indígena creio no máximo dez amigos
compartilharam a notícia, que assim como o do cachorro, deveria estar causando
grande comoção popular.
Torço apenas para que esse momento de quase silêncio sobre o caso seja
apenas um momento de inércia antes de uma grande explosão e que nas próximas
horas ou minutos esse caso acabe por ganhar grande notoriedade dessa tal mídia
especializada, oficial, profissional ou qualquer outra coisa que existe por aí.
Lembrando que esse caso apenas foi noticiado no dia 6 de janeiro. Muito
pouco tempo. Mas se lembrarmos que a capa da Época com o Michel Teló foi
exibida no primeiro dia de janeiro, já causando toda a indignação nas redes
sociais no dia 2. O tempo para o grande BUM da notícia da morte brutal da
criança indígena torna-se infinitamente constrangedor.
PS: Minha ideia inicial é escrever um texto por dia, programando para ir ao ar à meia-noite, todos os dias. Mas um grande professor me ensinou que todas as regras tem exceção e eu precisava falar sobre isso.
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