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7 de janeiro de 2012

O Índio e o cachorro


Há algumas semanas, antes do ano novo, a seguinte notícia tornou-se a mais comentada no país:
Essas foram apenas algumas das muitas notícias divulgadas sobre o caso, que ganhou dimensões colossais em redes sociais, como o Twitter e o Facebook.

Muitos críticas surgiram sobre essa grande repercussão. Críticas utilizando lógicas banais dizendo que as pessoas deviam se preocupar mais com a corrupção do que com o cachorro, ou que se preocupavam mais com um cachorro do que com um mendigo. Não creio nessas críticas, principalmente por também não crer em uma evolução social vertical, lidando com um problema de cada vez. Nós temos muitos problemas e eles devem ser combatidos todos ao mesmo tempo, gerando uma evolução social horizontal, sempre elevando-se.
O acontecimento com o Yorkshire ganhou uma repercussão gigantesca, causada pelo grande apelo emocional causado. Agora me pergunto o porquê de outro caso noticiado nos últimos dias não ganhar essa repercussão e não causar o mesmo apelo emocional. Foi o caso de uma criança indígena de 8 anos, que teria sido queimada viva por madeireiros no Maranhão (Terra do excelentíssimo – com muito ironia – senhor José Sarney).



Esse caso teria tudo para ganhar um aspecto emocional e uma divulgação enorme. Ostenta várias das características que tanto flamam o coração das pessoas: uma criança de oito anos, menina, nitidamente mais fracas, sendo torturada e morta por homens “maus”. Mesmo com tudo isso a repercussão ainda é muito pequena, com apenas alguns poucos sites a divulgando. Excetuando os blogs com conteúdos sociais e políticos, ela ainda não ganhou notoriedade em nenhuma grande página do país.

O Globo.com, pertencente à maior rede de comunicação do país, notícia em sua primeira página um garoto de intelecto superior que quer fazer física nos Estados Unidos, as notícias de seu próximo reality show e as dez atrizes pornôs mais populares do Twitter, deixando de comentar esse fato. Por que será? Bem. É melhor nem esperar que o PIG se pronuncie, pois, por razões políticas e de interesse, isso não irá ocorrer.

Mas será que a pouca divulgação da mídia oficial, mesmo em épocas de redes sociais com grande força, faz com que as pessoas não tomem conhecimento sobre o caso, não gerando assim a comoção? E por que a nossa mídia oficial não se manifesta sobre um caso desses que certamente geraria uma grande publicidade à ela? O que faz o Yorkshire merecer uma primeira página nos principais portais do país e a pequena indígena não?

Será que em tempos de internet, a falta de um vídeo chocante sobre o incidente faz as pessoas não se preocuparem ou se importarem com isso?  Como se fosse necessário um vídeo chocante para as coisas acontecerem no mundo...

Lembro que, mesmo antes de sair nas principais mídias profissionais do país, o vídeo do cachorro já tinha sido compartilhado por mais de 50 amigos meus no Facebook. Agora no caso da criança indígena creio no máximo dez amigos compartilharam a notícia, que assim como o do cachorro, deveria estar causando grande comoção popular.

Torço apenas para que esse momento de quase silêncio sobre o caso seja apenas um momento de inércia antes de uma grande explosão e que nas próximas horas ou minutos esse caso acabe por ganhar grande notoriedade dessa tal mídia especializada, oficial, profissional ou qualquer outra coisa que existe por aí.

Lembrando que esse caso apenas foi noticiado no dia 6 de janeiro. Muito pouco tempo. Mas se lembrarmos que a capa da Época com o Michel Teló foi exibida no primeiro dia de janeiro, já causando toda a indignação nas redes sociais no dia 2. O tempo para o grande BUM da notícia da morte brutal da criança indígena torna-se infinitamente constrangedor.

PS: Minha ideia inicial é escrever um texto por dia, programando para ir ao ar à meia-noite, todos os dias. Mas um grande professor me ensinou que todas as regras tem exceção e eu precisava falar sobre isso.

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