Mas afinal, a participação política é indispensável ou superada?
Muitos defensores da democracia atual veem a participação política como
um fator indispensável para a consolidação e manutenção desse sistema de
governo. De fato a participação política plena tem grande importância nessa
manutenção.
Mas vejo fatores que definem essa primazia pela participação política
como algo “superado”. Talvez um termo mais adequado seria atrasado ou até mesma
afobado, mas utilizarei a palavra proposta pela comissão de vestibular da
FUVEST.
Mais uma vez, ao discutirmos um tema como esse, caímos na velha discussão sobre a educação do país. Como exigir uma participação política, vital para a manutenção do nosso sistema de governo “avançadíssimo”, sendo que são poucas as escolas que promovem ao menos uma pequena educação política aos seus alunos? Ao contrário, algumas escolas ainda desestimulam essa educação.
Você pode dizer que a educação política vem de casa e não da escola. Mas,
se essa educação vem de casa, como supor que os pais desses jovens estão preparados para prover
a educação política deles. Se voltarmos à geração dos nossos pais ou avós, veremos que a sua
educação vem do período da ditadura, onde tal educação política era largamente
censurada e desestimulada.
E mesmo no berço da sociedade brasileira, a educação política eficaz
poucas vezes foi provida às pessoas. O primeiro sufrágio universal da história
do Brasil ocorreu há pouco mais de vinte anos atrás e, mesmo após isso,
aonde vimos educação política no Brasil? Quando o Partido da Imprensa Golpista
fraudou um debate político entre Lula e Collor em 1989? Ou nas muitas
manipulações de pesquisas que ocorrem, influenciando o voto daqueles muitos que
não compreendem o seu real papel político democrático? Ou talvez nos muitos votos de “protesto” ao
deputado Tiririca, garantido por aqueles que não compreenderam que no nosso
sistema de eleição, não era apenas Tiririca que ganharia algo com aqueles votos?
Somos jovens em questão de democracia e ainda temos muito a aprender.
Alguns defendem a obrigatoriedade da participação política como forma de prover
a educação política aos poucos, confundindo o voto, que é um simples elemento
da participação política, com a participação e a educação política plena.
É Óbvio que existem muitas pessoas com uma boa educação política no
Brasil, causada pelo interesse político por motivos diversos, como uma semente
plantada por um amigo ou a revolta com a realidade em que vive. Mas apostar
nisso sem prover nenhum estímulo educacional, é como participar daqueles jogos
em que o coelho tem que entrar em uma caixa sem colocar nenhuma cenoura dentro
dessa caixa, sem gerar nenhum estímulo.
E, ao observar todos esses fatores apresentados, podemos nos perguntar se
a FUVEST não acabou fazendo esse mesmo jogo de coelho sem estímulo, tendo como
prêmio uma vaga na maior universidade brasileira, ao pedir um tema dessa
profundidade em seu vestibular. Claro que a USP não pode ser culpada por querer
fazer uma nivelação por cima ao definir os ocupantes das suas valiosas
vagas. Mas o governo, esse sim, seria o verdadeiro culpado, ao obrigar a Universidade de São Paulo a fazer esse jogo de coelhos, não provendo uma
educação política básica no país, talvez por que, se essa educação fosse provida,
muitos dos políticos que lá estão jamais seriam eleitos aos seus cargos
novamente.
excelente texto me ajudou a pensar sobre esse tema
ResponderExcluirpois vou treinar esse tema de redação
Que texto mais lindo! Excelente mesmo, meus parabéns!
ResponderExcluirestava decepcionada com alguns pensamentoshoje em minha sala de aula de alguns colegas sobre politica e como podemos ajudar a muda-la. quando li esse texto que me encorajou,percebi que atualmente ainda existem, mesmo que poucos, pessoas com conhecimento e maturidade,
ResponderExcluirtexto repleto de verdades, parabéns.
ResponderExcluirvaleu men agora vou só copiar oque voce dise e dps pegar meus pontos flw
ResponderExcluirMuito bem colocado! Seu texto foi um bom norte para as minhas discussões internas sobre o assunto. Pode ter certeza que me ajudou a entender um pouco mais do assunto, abraços.
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